Referência em Oncologia na região Norte, o Hospital Ophir Loyola (HOL) alerta para doenças causadas pelo fumo. O hábito aumenta o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (cerebrovasculares, cardiovasculares, obesidade, diabetes e hipertensão, entre outras) e está associado ao desenvolvimento de cerca de 20% das neoplasias, inclusive câncer de boca, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim, bexiga e pulmão, um dos mais incidentes na população.
O HOL tem aproximadamente 452 pacientes com câncer de pulmão, sendo 249 casos em homens e 203 casos em mulheres. A oncologista Juliana Chaves destaca que “o pulmão é o órgão mais afetado, cerca de 85% a 90% dos casos de câncer nessa estrutura são ocasionados pelo tabagismo”.
Segundo a especialista, fumar também contribui para o desenvolvimento de outras enfermidades, como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras.
A dona de casa, Maria Valdineia Lopes, 50 anos, foi fumante durante 35 anos e parou há 1 ano e 7 meses quando foi diagnosticada com um câncer de pulmão. Ela conta que usava porronca, um tipo de cigarro artesanal composto de tabaco puro. “Quando chegava do trabalho, não procurava me alimentar. Eu procurava logo o fumo e o café. Eu comecei a sentir um refluxo e uma tosse constante, durante 24h, que persistiu por quatro meses. Fiz raio-x não deu nada, mas uma tomografia mostrou muitos nódulos e uma biópsia confirmou o câncer”, contou.
Maria passou por radioterapia e quimioterapia, agora existem apenas três pequenos tumores, dois do lado direito e um do lado esquerdo. Internada no HOL, aguarda por uma cirurgia, nesta quarta-feira (27), para retirar o acúmulo de água nesses órgãos ocasionado pela doença. “As pessoas que fumam devem parar de fumar imediatamente, porque traz consequências gravíssimas”, apelou.
O tabagismo ativo é originado pela dependência à uma droga psicoativa: a nicotina, que está presente nos produtos à base de tabaco. Os componentes tóxicos e cancerígenos presentes na fumaça ambiental do tabaco também fazem mal aos fumantes passivos. São cerca de 4 mil compostos, dos quais mais de 200 são tóxicos e cerca de 40 são cancerígenos, o que leva à morte de mais 1,2 milhão de pessoas não fumantes expostas ao fumo passivo no mundo todo, segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
“Os fumantes passivos, ou seja, aqueles expostos involuntariamente, mesmo por um curto período, também são afetados com dor de cabeça, irritação nos olhos e narinas, rinite, tosse e agravamento das complicações alérgicas. A exposição passiva por longos períodos pode causar infarto agudo do miocárdio, câncer do pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica)”, enfatizou a oncologista.
As mulheres grávidas também precisam ter cuidado com a exposição ao tabagismo ambiental, que pode causar baixo peso do bebê ao nascer e deficiências no coração, cérebro e face do feto. “Crianças e bebês são mais afetados por passarem mais tempo expostos à fumaça, sobretudo quando o fumante é a mãe ou cuidador. Possuem risco aumentado de desenvolver doenças respiratórias, doença do ouvido médio e a síndrome da morte súbita infantil”, alertou Juliana Chaves.
“Quando uma pessoa para de fumar tem benefícios quase imediatos. Depois de apenas 20 minutos parando de fumar, a frequência cardíaca melhora. A tosse, a falta de ar e o risco de um acidente vascular cerebral são reduzidos. Após 10 ano, o risco de mortalidade por câncer de pulmão cai para cerca de metade de um fumante. E, dentro de 15 anos, o risco de doença cardíaca é o mesmo de um não fumante”, concluiu a oncologista.