O que parece ser uma simples lição aprendida nos primeiros anos escolares é, na verdade, um alerta do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), localizado no distrito de Icoaraci, em Belém. Nesta terça-feira (15), Dia Mundial de Lavagem das Mãos, a instituição reforça a relevância dessa prática cotidiana para evitar várias doenças, especialmente respiratórias e gastrointestinais, além de salvar vidas.
A ação de lavar as mãos é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das principais ferramentas no combate a epidemias, pois diminui em até 40% o risco de contrair doenças, sendo algumas graves. A higienização com água e sabão ou álcool 70% em gel é eficiente contra diversos tipos de microrganismos, eliminando mais de 90% das bactérias presentes nas mãos.
Portanto, o Dia Mundial da Lavagem das Mãos tem o objetivo global de conscientizar a sociedade sobre a importância desse hábito, principalmente em localidades com pouco acesso a saneamento básico. A data serve ainda como um lembrete de que mudanças simples de comportamento podem salvar vidas e promover saúde e bem-estar para todos.
Conscientização – Reconhecendo a importância do tema, o HRAS realiza regularmente rodas de conversa com os usuários, com o propósito de esclarecer sobre os benefícios dessa prática. Durante as atividades, profissionais que atuam no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do hospital orientam a maneira adequada de lavar as mãos e incentivam a disseminação desse conhecimento entre os familiares.
Jocenira Peixoto, 49 anos, que acompanha a mãe no Hospital Abelardo Santos, relatou que ficou surpresa com os perigos apresentados pelos especialistas e que levará o aprendizado para sua casa. “Ficar doente é uma das piores coisas que podem acontecer. Cada informação foi marcante e me despertou para os riscos que estão presentes até dentro de casa, mas que muitas vezes não notamos”, revelou.
Dorivan Garcia, 37 anos, comentou que achava que sabia higienizar corretamente as mãos. “Depois da ação percebi que não sabia nada”, afirmou. “Outra questão é que às vezes, nosso tempo é tão corrido, nossa rotina tão agitada, que esquecemos de fazer coisas simples e cuidar da saúde. Dá para lavar as mãos regularmente sim, já que não é algo que toma muito do nosso tempo”, completou o empresário.
Riscos – A supervisora do SCIH, Ohana Cardoso, explica que pequenos hábitos podem fazer grande diferença no controle de infecções e na prevenção de doenças em geral. “O simples ato de lavar as mãos, que muitas vezes é ignorado, pode impedir a propagação de patógenos que causam doenças graves, principalmente em ambientes com grande concentração de pessoas, como hospitais e escolas”.
“Outra questão é que, muitas vezes, as pessoas até lavam as mãos, mas fazem isso de maneira inadequada. É importante entender que uma lavagem eficaz inclui esfregar as palmas, o dorso das mãos, lavar entre os dedos, debaixo das unhas e até os punhos, garantindo que nenhuma área seja esquecida durante esse processo e que você fique de fato protegido contra doenças”, complementa a supervisora.
Segundo Ohana Cardoso, é fundamental lavar as mãos antes das refeições, após utilizar o banheiro, após utilizar o transporte público, ao cuidar de ferimentos, e após tocar em superfícies frequentemente manuseadas, como maçanetas e elevadores. Além disso, a higienização é especialmente importante após tossir, espirrar ou assoar o nariz, e sempre que as mãos estiverem visivelmente sujas.
Para entender melhor sobre os perigos das mãos infectadas, a especialista listou dez doenças que podem surgir devido a essa negligência:
Conjuntivite – inflamação da membrana transparente que cobre a parte branca dos olhos, com sintomas como vermelhidão, inchaço, ardor e secreção;
Catapora – também chamada de varicela, causa lesões na pele, dor de cabeça, pneumonia e infecção no ouvido. É provocada por um vírus que se espalha rapidamente e pode ser grave se atingir órgãos internos;
Giardíase – infecção do intestino delgado causada por parasitas do gênero Giardia.
Pneumonia – infecção pulmonar que pode ser provocada por bactérias, vírus, fungos ou reações alérgicas;
Gripe – As estações mais frias, como outono e inverno, favorecem a disseminação do vírus da gripe sazonal. Além da vacinação, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para grupos prioritários, lavar as mãos ajuda a reduzir a ocorrência da doença;
Rotavírus – Mesmo com a existência de vacina, os rotavírus ainda são responsáveis por grande parte dos casos graves de diarreia em crianças menores de cinco anos;
Covid-19 – Uma das formas de transmissão de vírus respiratórios, como o coronavírus, ocorre por meio do contato das mãos contaminadas com olhos, boca e nariz;
Mononucleose – conhecida popularmente como “doença do beijo”, é uma infecção causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), atingindo principalmente jovens e adultos entre 15 e 25 anos;
Hepatite A – infecção provocada pelo vírus A (HAV) da hepatite, transmitida via fecal-oral, seja pelo contato entre pessoas ou por meio de água e alimentos contaminados;
Diarreia – é a segunda principal causa de morte em crianças com menos de cinco anos de idade.
Referência – A diretora-geral do HRAS, Aline Oliveira, destaca que “a higienização das mãos é uma prática simples, mas extremamente poderosa na vida das pessoas”. A gestora ressalta ainda que “o papel do hospital como a maior unidade de saúde pública do Estado é apresentar medidas e soluções essenciais para proteger a vida dos seus usuários e sociedade em geral, garantindo um ambiente mais seguro para todos”.
O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos, localizado no distrito de Icoaraci, é a maior unidade pública do governo do Pará. A instituição é administrada pelo Instituto Social Mais Saúde (ISMS), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Conta com um serviço de pediatria de urgência e emergência, além de leitos clínicos.
A unidade é referência no atendimento à mulher e à criança, em quatro frentes pediátricas: pronto-socorro, cirurgia, internação clínica e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além do acolhimento nas Unidades de Cuidados Intermediários (UCIn). A pediatria do HRAS está estruturada com 10 leitos de UTI, 25 leitos de clínica pediátrica e um pronto-socorro infantil, com atendimento 24 horas.